Choque metabólico: uma boa estratégia para emagrecer com saúde

Dietas existem aos montes por aí. Das mais malucas e restritivas até as “dietas da moda”, que prometem a perda de peso em tempo recorde.

Por Angelina Fontes

Uma rápida busca pela internet trará centenas de novidades e resultados “promissores”. Dá para se perder neste universo com tantas controvérsias e sempre fica a dúvida do que se pode ou não comer. A verdade é que, por incrível que pareça, não existe nenhum milagre ou receita mágica e o processo de emagrecimento é mais simples do que se imagina.

Já há algum tempo, nutricionistas batem na tecla da reeducação alimentar, a qual não deve ser adotada por um determinado período de tempo, e sim, se tornar um estilo de vida. É o que explica a nutricionista Aline Carvalho, especializada em nutrição clínica, esportiva e longevidade. “A reeducação alimentar (RA) é bem parecida com a introdução alimentar feita na infância. A mãe precisa de seis meses a um ano para apresentar os alimentos a uma criança. É um processo de aprendizagem que trará uma mudança de hábito. A RA é a mesma coisa: ter consciência daquilo que está comendo e saber como fazer associações da forma correta”, diz.

No entanto, quando o assunto é perder peso, Aline sugere associar a reeducação alimentar a estratégias pontuais que causarão choque metabólico e promoverão um emagrecimento mais rápido e efetivo. Mas é importante ressaltar que cada organismo funciona de maneira diferente. “O metabolismo de cada pessoa age de forma individual. Ele varia de acordo com a idade e o estilo de vida. Por isso, o que funciona para algumas pessoas não funciona para outras. Além disso, para montar um plano alimentar é preciso saber os objetivos de cada pessoa, como a perda de peso, o ganho de massa muscular, a melhoria do estilo de vida, entre outros”, afirma.

Choque metabólico: o que é?

O metabolismo é um complexo conjunto de reações químicas que produzem calor, geram energia e fazem a síntese e a degradação dos nutrientes nas células. Resumindo, é o processo de produção de energia que mantém nosso corpo funcionando.

“O metabolismo é controlado por hormônios e, quando se tem uma alimentação bem ajustada, com macros e micros nutrientes, as glândulas produzem hormônios adequadamente e tudo funciona da forma correta. Porém, o que vemos por aí são dietas que são mantidas por um longo tempo, incluindo ovos e abacate no café da manhã, frango com verduras no almoço e salada no jantar, sem esquecer das oleaginosas como lanche. Mas essa estratégia tem data de validade, porque o nosso organismo se adapta e, quando isso acontece, entra em efeito “platô”, fica estagnado. Daí em diante, fica fácil das pessoas abandonarem seus gols”, diz.

Ela conta que, para que o corpo não se adapte, é importante mudar as estratégias frequentemente e, por isso, a maioria de seus pacientes saem da consulta com uma dieta que pode adotar várias estratégias diferentes no período de 24 horas ou a cada dois ou três dias. “Ao acordar, o organismo vai achar que será abastecido com um belo café da manhã, mas, ao invés disso, será dia de um jejum intermitente seguido de cetogênica. Isso é o que chamamos de choque metabólico. O corpo vai ter que trabalhar de forma diferente para gerar e gastar energia, o que facilita o emagrecimento”, explica Aline, que costuma chamar este choque de “bagunça no organismo”. “Dois dias depois vem um low-carb, e por aí vai. Mas claro, tudo isso deve ser feito com ajuda profissional, de forma individualizada e muito bem elaborada, incluindo todos os nutrientes nesta alimentação”, destaca.

Além disso, a prática da musculação é uma grande aliada desta “bagunça”, uma vez que este tipo de atividade física acelera o metabolismo. “Exercícios de hipertrofia são extremamente importantes para quem quer emagrecer, pois eles causam a quebra da fibra muscular e, consequentemente, o corpo precisará de substratos  (proteína e carboidratos de boa qualidade) para que a fibra regenere e o músculo se recupere e cresça. E este processo é de extrema importância para acelerar o metabolismo e proporcionar o emagrecimento”, relata a especialista.

Cada um com sua estratégia

Mas, repetindo: nem tudo o que funciona para uma pessoa funcionará para outra. Deve-se levar em consideração, exames clínicos e físicos, objetivos e estilo de vida. “Muitas vezes o paciente está inflamado, tem hipotireoidismo, está inchado ou tem compulsão alimentar. Uma dezena de fatores que podem alterar a abordagem de cada dieta. Para se ter uma ideia, um atleta que corre cedo pode ter como pré-treino a ceia do dia anterior, ou um café com MTC para que o corpo saiba que terá que utilizar gordura como fonte de energia pelas próximas horas”, sugere.

A elaboração de toda reeducação alimentar com foco no emagrecimento deve ser feita com base em cálculos. “Emagrecimento é matemática. É preciso saber o gasto calórico e o metabolismo basal de cada pessoa para elaborar um plano consistente, com metas a serem cumpridas em um determinado período. Para saber se está funcionando adequadamente, frequentemente faço um feed back com os pacientes, analiso os resultados de cada estratégia adotada e faço as adaptações necessárias para que o plano siga em frente”.

Adicionado à reeducação alimentar e às táticas diárias, Aline dá outras dicas que podem e devem ser incluídas no dia-a-dia de todas as pessoas, independente dos objetivos. Tomar shots de imunidade, ter uma boa noite de sono, incluir especiarias nas receitas, consumir chás amargos, praticar atividade física e hidratar constantemente. “Muitas vezes confundimos sede com fome. Mas, como comer é mais prazeroso, as pessoas optam por isso ao invés de tomar água. Desta forma, sempre digo aos meus pacientes: está com fome, tome um copo d’água. Se a fome passar, era sede. Se seu estômago roncar pouco tempo depois, aí sim, é fome. A desidratação é um dos principais motivos do sobrepeso”, diz a especialista.

E sim. Pacientes de nutricionistas também recebem alta. “Quando vejo que o paciente atingiu a meta inicial e já tem grande consciência alimentar, sabendo o que precisa fazer no dia seguinte, ele recebe alta. Meu objetivo é sempre ensinar às pessoas a entenderem como a alimentação funciona, tendo a saúde como foco principal sempre”.