Produção independente: como a medicina reprodutiva pode auxiliar nesse processo.

Especialista explica as técnicas de reprodução assistida disponíveis para quem opta por uma gestação monoparental

Por Angelina Fontes

Com um mundo cada vez mais moderno e dinâmico, onde carreira e realizações pessoais são prioridade, o número de mulheres que optam pela chamada produção independente aumentou bastante. O CFM (Conselho Federal de Medicina) não possui dados concretos sobre isso, no entanto, estima-se que 19% das pacientes que buscam por doação de sêmen têm esse objetivo.

A produção independente, ou gestação monoparental, ocorre quando uma mulher decide engravidar e formar uma família mesmo sem ter um parceiro. “Em geral, são mulheres estabelecidas financeiramente, bem-sucedidas na carreira, mas que não encontram um parceiro para compartilhar a vida a dois e gerar filhos”, explica Dra. Erica Becker, ginecologista e especialista em reprodução assistida da clínica Pró-Criar.

Segundo a médica, são dois os tipos de tratamentos a que as pacientes podem recorrer: inseminação artificial e fertilização in vitro. A escolha do melhor método levará em consideração a idade da mulher, seu histórico de saúde, se houve alguma gravidez anterior, entre outros aspectos. “Importante ressaltar que os tratamentos para uma produção independente favorecem não apenas a mulher solteira, mas também homens solteiros e casais homoafetivos dos sexos feminino e masculino”, esclarece Dra. Erica Becker.

A especialista explica os processos para cada caso.

Mulheres solteiras que querem ser mães

Uma mulher que deseja ter um filho sem um parceiro, irá precisar da ajuda de um banco de sêmen. O anonimato é a principal característica dessa doação: a lei brasileira não permite que o laboratório revele a identidade do doador e, tampouco, que ele saiba para quem o seu material foi doado. Assim, é garantido que ele não fará parte da família.

A futura mãe, porém, consegue saber algumas características dos doadores, como altura, cor dos cabelos, dos olhos e da pele, tipo sanguíneo, profissão, origem étnica e hobby. No Brasil, é proibido por lei escolher o sexo da criança.

Na inseminação artificial, o sêmen coletado é inserido direto na cavidade uterina da mulher durante o período de ovulação. Já na Fertilização In Vitro (FIV), o óvulo e o sêmen coletados são fertilizados em laboratório, e apenas os embriões com mais chances de se desenvolverem são transferidos direto para o útero da mulher. A FIV é especialmente interessante para mulheres acima dos 36-37 anos ou com alguma alteração na fertilidade – já que as chances de sucesso são bastante altas, girando em torno de 30% a 40% por tentativa, dependendo da idade da paciente.

Casais homoafetivos femininos

Para os casais formados por duas mulheres, o material genético masculino também vem da doação de sêmen. No entanto, é preciso escolher qual das duas futuras mães irá doar os óvulos e carregar o embrião.

Caso nenhuma das parceiras possua problemas de infertilidade, é permitida a gestação compartilhada, ou seja, uma das mulheres irá doar os óvulos e a outra carregará o embrião. Como a idade é um dos principais fatores que interferem na qualidade dos óvulos, é aconselhável que se opte pelo material da parceira mais jovem. A futura gestante não deve ter problemas médicos, como hipertensão, diabetes, obesidade ou epilepsia.

A doação de sêmen por parte de um parente ou amigo das parceiras não é permitida.

Homens solteiros e casais homoafetivos masculinos

Homens solteiros ou casais homoafetivos masculinos que optarem pela produção independente e pela FIV irão precisar da doação de óvulos e de um útero de substituição para o procedimento de gravidez. Após fertilizado e fecundado, o material é inserido em um útero doado temporariamente por uma parente consanguínea de até 4º grau (mãe, avó, irmã, tia ou prima). Na impossibilidade de um desses parentes passar pela gestação, o CFM analisará a possibilidade de outra pessoa próxima ceder o útero temporariamente.