Endometriose afeta seis milhões de brasileiras e pode causar infertilidade

Março é considerado o mês de conscientização da doença, que muitas vezes só é detectada quando a mulher encontra dificuldades para engravidar

Por Daisy Silva

Estima-se que cerca de seis milhões de brasileiras sofram hoje com a endometriose. A doença afeta de 10% a 15% das mulheres em fase reprodutiva, segundo dados da Sociedade Brasileira de Endometriose (SBE). Apesar dos números expressivos, a endometriose muitas vezes só é detectada quando a mulher enfrenta problemas para engravidar. Entre as pacientes inférteis, 50% delas apresentam a patologia.

“São números expressivos e, por isso, o chamado ‘Março Amarelo’ é dedicado à conscientização da endometriose. É importante que a mulher realize suas consultas de rotina ao ginecologista, conheça e investigue a doença”, afirma o especialista em reprodução assistida daHuntington Pró-Criar, Dr. João Pedro Junqueira Caetano. O médico ressalta, inclusive, que a clínica lançou uma campanha, denominada “#endomarço”, com o objetivo de disseminar conteúdos explicativos a respeito da endometriose.

À seguir, Dr. João Pedroesclarece alguns pontos importantes sobre a doença.

Afinal, o que é a endometriose?

O útero das mulheres é revestido de um tecido chamado endométrio. Todos os meses, quando não há gestação, esse tecido descama e é eliminado com o sangue da menstruação. Existem várias teorias para tentar explicar a causa da endomentriose, e a mais comum a aceita seria um refluxo deste sangue menstrual pelas trompas e a fixação de células deste endométrio na pelve. O organismo entende que aquelas células estão no local inadequado e ocorre um processo de eliminação destas células. Não se sabe porque, mas em algumas pacientes este processo não ocorre e pior, acaba por haver uma “batalha inflamatória” entre estas células(implantes de endometriose) e o organismo. Portanto, endometriose é a presença de endométrio fora do útero, podendo estar nos ovários, trompas ou até mesmo intestino e bexiga.

Quais são os principais sintomas?

Importante ressaltar que as mulheres portadoras de endometriose podem ter um, todos ou nenhum desses sintomas. Na verdade, 25% das mulheres com a doença não apresentam nenhum sintoma, tornando o diagnóstico ainda mais difícil.

Como diagnosticar a endometriose?

Diagnosticada precocemente, a endometriose pode ser melhor tratada. No entanto, devido à superficialidade dos sintomas ou mesmo ausência deles, o diagnóstico precoce se torna bastante difícil.

O exame de ultrassom transvaginal com preparo da pelve é utilizado para identificar a presença de endometriose, sendo algumas vezes, capaz de detectar a doença em fase precoce. Apesar de eficaz, o diagnóstico só é 100% confirmado a partir de outro método, denominado de videolaparoscopia. Este é o único exame capaz de definir de forma objetiva e conclusiva a extensão da doença.

É importante estar em dia com os exames ginecológicos, uma vez que nódulos no fundo da vagina e dor à mobilização do útero podem indicar endometriose.

Qual a relação entre endometriose e infertilidade?

A endometriose afeta o aparelho reprodutor de diversas maneiras e a infertilidade, que pode estar associada à doença, não ocorre devido a um único fator. Alguns fatores que ocorrem e alteram a fertilidade são:

Apesar de relacionadas, a endometriose não leva necessariamente à infertilidade. Cada caso deve ser avaliado separadamente.

Como tratar?

Infelizmente como não sabemos a causa da endometriose, não existe cura! Uma vez com endometriose, sempre com endometriose. O que vai variar é a evolução ou não da endometriose. A doença pode ser abordadacom uma cirurgia denominada laparoscopia ou por meio de medicações. Além disso, ações que melhorem a qualidade de vida, como exercícios, alimentação saudável e psicoterapia, são favoráveis ao tratamento. No entanto, se o objetivo da mulher é engravidar, o uso de medicações é contraindicado, já que age como anticoncepcional. Nesse caso, indica-se o tratamento por uma das técnicas da reprodução assistida, como a Fertilização in vitro (FIV). Esse método tem excelente indicação e boas taxas de sucesso. Mas, é bom ressaltar que cada caso tem um desenvolvimento diferente, e, portanto, é essencial procurar um especialista em reprodução assistida e ver qual a melhor opção.

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