Por Daisy Silva
“Outubro é o mês reservado à conscientização do câncer de mama e falar sobre prevenção e os fatores de riscos evitáveis é tão importante quanto abordar questões relacionadas aos diversos tipos da doença e à evolução de tratamentos”. A reflexão é da médica oncologista Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e faz todo o sentido, afinal, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo. São cerca de 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população. No Brasil, em 2021, estima-se 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Portanto é muito importante dizer a essas mulheres, segundo Andréa, que há tratamento para câncer de mama e que a medicina tem evoluído nesse sentido. Uma das primeiras coisas que uma mulher já acometida por câncer de mama precisa saber é que seu tratamento nunca será exatamente igual ao de outra mulher com câncer na mesma região. “O câncer de mama não é uma doença única. E o primeiro passo antes de planejar o tratamento é identificar o tipo de tumor da paciente. Isso porque cada um tem uma resposta diferente a determinados procedimentos e medicamentos”, afirma Andréa.
Sinais e Sintomas do Câncer de Mama
Segundo Luciana Holtz de Camargo Barros, presidente, diretora executiva, psicóloga, psico-oncologista e especialista em Bioética da Oncoguia, ONG que há 10 anos apoia, informa e defende os direitos dos pacientes com câncer, os sinais e sintomas do câncer podem variar, e algumas mulheres que têm câncer podem não apresentar nenhum desses sinais e sintomas. A especialista conta que o recomendável é que a mulher conheça suas mamas, e saiba reconhecer alterações para poder alertar o médico.
“A melhor época do mês para que a mulher que ainda menstrua avalie as próprias mamas para procurar alterações são alguns dias após a menstruação, quando as mamas estão menos inchadas. Para as mulheres que já passaram a menopausa, o autoexame pode ser feito em qualquer época do mês. Qualquer alteração que venha a observar deve ser comunicada imediatamente ao médico, mesmo que elas tenham aparecido pouco tempo depois da última mamografia ou do exame clínico das mamas feito por um médico”, explica.
Luciana ressalta que o sintoma mais comum do câncer de mama é o aparecimento de um nódulo ou massa. “Um nódulo sólido, indolor e com bordas irregulares é muito provável que seja um tumor maligno, mas os cânceres de mama podem ser sensíveis ao toque, macios ou redondos. Eles podem até ser dolorosos. Por esse motivo, é importante que qualquer nova massa, nódulo ou alteração na mama seja examinada por um médico”, conta.
O câncer de mama também pode apresentar vários sinais e sintomas, como:
- Inchaço de toda ou parte de uma mama (mesmo que não se sinta um nódulo).
- Nódulo único endurecido.
- Irritação ou abaulamento de uma parte da mama.
- Dor na mama ou mamilo.
- Inversão do mamilo.
- Eritema (vermelhidão) na pele.
- Edema (inchaço) da pele.
- Espessamento ou retração da pele ou do mamilo.
- Secreção sanguinolenta ou serosa pelos mamilos.
- Linfonodos aumentados
“Vale a pena lembrar que na grande maioria dos casos, vermelhidão, inchaço na pele e mesmo o aumento de tamanho dos gânglios axilares são provocados por processos inflamatórios ou infecção (mastite, por exemplo), especialmente se acompanhados de dor. Mas como existe uma forma rara de câncer de mama que se manifesta como inflamação, esses achados devem ser relatados ao médico imediatamente e a mulher deve realizar um exame clínico, obrigatoriamente”, afirma.
Apesar da importância do diagnóstico precoce para aumentar e melhorar as chances de cura e sobrevida para as mulheres com câncer de mama, muitos casos ainda são diagnosticados em estágios avançados, inclusive com metástases, que é quando o tumor já se espalhou para outros órgãos. “Nesses casos, os sinais e sintomas, além dos descritos acima, podem variar de acordo com a área afetada pelo avanço do câncer”, finaliza.
Consciência, prevenção e diagnóstico precoce
A evolução dos tratamentos é uma realidade, mas a prevenção e a realização das consultas anuais com o ginecologista e da mamografia devem fazer sempre parte da rotina da mulher, alerta Andréa. No contexto da prevenção, a especialista recomenda: adotar uma alimentação rica em fibras (legumes, grãos, frutas e verduras todos os dias); não fumar, lembrando que cigarro gera dependência química, principalmente, por causa da nicotina e que não é seguro consumir tabaco sobre qualquer forma; não consumir bebidas alcoólicas ou, no máximo, de maneira muito moderada; incluir na rotina a prática de exercícios físicos; manter o controle do peso; e estar atenta a alterações na mama e procurar o médico.
Para o diagnóstico precoce de um câncer de mama, a mamografia é o padrão ouro de rastreamento e deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos de idade. “O médico pode recomendar a realização antes desta idade, na presença de fatores de risco hereditários”, informa. Outro dado importante a ser pesado é avaliar se na menopausa a mulher vai precisar mesmo de reposição hormonal, medida que pode aumentar o risco para câncer de mama. “Reposição hormonal pode ser benéfica para algumas mulheres muito sintomáticas e quando há comprometimento da qualidade de vida, mas deve ser bem avaliada a forma de reposição e riscos e benefícios desta estratégia ”, conclui.