Por Mariana Reis
Com a correria dos dias atuais, 24 horas podem parecer insuficientes para muitas pessoas. Geralmente, quem tem muitos afazeres pode acabar sacrificando o sono de qualidade para tentar encaixar todos os compromissos da rotina. Mas, quando isso vira um hábito, a saúde do indivíduo fica comprometida.
O resultado de uma noite mal dormida tem outros reflexos além da irritabilidade e do cansaço que surgem no dia seguinte, é o que alerta a psicóloga e especialista do sono Carla Picolli. “É durante o sono que o corpo realiza as principais funções restauradoras e absorve os acontecimentos do dia, melhorando a memória, o foco e a concentração, além de metabolizar proteínas”, diz.
Dormiu bem?
Dormir bem traz muitos benefícios para a saúde. O recomendado, de acordo com a especialista, é dormir em média 8 horas por noite. “Uma noite de sono adequada fortalece o sistema imunológico. Uma pessoa saudável precisa investir no tempo de sono assim como se preocupa com uma boa alimentação e com a prática de exercícios físicos”, orienta. Existem evidências que relacionam o hábito de dormir pouco com a obesidade, hipertensão e diabetes. “Dormir menos que o recomendado afeta a produção da leptina, hormônio responsável pela sensação de saciedade. Assim, a pessoa pode sentir mais fome, ter uma alimentação mais calórica e desenvolver obesidade”, explica
Uma pesquisa feita pela Universidade de São Francisco, na Califónia, analisou a relação entre sono e imunidade. O estudo monitorou durante uma semana o sono de 164 pessoas que foram expostas ao vírus do resfriado. Os pesquisadores concluíram que, aqueles que dormiam menos de cinco horas por noite, apresentaram 4 vezes mais chances de adoecer, e que essa propensão diminuía à medida em que as horas de sono se aproximavam do ideal. “Principalmente em tempos de pandemia, dormir bem é mais do que uma necessidade fisiológica, é uma estratégia de defesa, já que a imunidade está diretamente relacionada com o sono”, afirma Carla.
Ter uma boa noite para ter bons dias
Apesar de não ter sintomas tão visíveis e clinicamente diagnosticados, a saúde mental é um fator determinante para a qualidade de vida, que também é beneficiada com uma boa noite de sono. Não é à toa que outro estudo, publicado na renomada revista americana de medicina JAMA, revelou que cerca de 75% dos pacientes com depressão relatam distúrbios do sono, como a insônia. “É dormindo que temos a capacidade de absorver e elaborar nossas emoções. Este processo é fundamental para reduzir os riscos de desenvolver depressão e transtornos de ansiedade, melhorando nossa capacidade de cognição, de clareza de pensamentos e equilíbrio emocional”, comenta a especialista.
Outra área favorecida com as noites bem dormidas são as relações sociais, aponta Carla. “Quem dorme pouco tem a tendência de acordar mal-humorado. Ao acordar disposto, a pessoa fica mais propensa a ter relacionamentos harmoniosos, seja em casa ou no trabalho”, afirma. Um estudo feito nos Estados Unidos ainda em 2012, calculou na época, que as empresas americanas tinham um custo anual estimado em 90 bilhões de dólares com falhas e/ou perdas ocasionadas por colaboradores que não dormiam o suficiente. “Acordar para trabalhar depois de ter dormido bem, deixa o funcionário mais atento e motivado. Assim, as chances de erros são minimizadas e a produtividade tende a ser maior”, finaliza Carla Picolli.