Por Daisy Silva
A Revista Diversa foi convidada para a pré-estreia de um dos filmes mais impactantes do ano: “O Silêncio das Ostras”, estreia na ficção do premiado diretor Marcos Pimentel, que chega aos cinemas de todo o Brasil no dia 26 de junho. A produção ganhou destaque na 26ª edição do Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, sendo aclamada pela crítica nacional e internacional por sua abordagem potente e sensível sobre os impactos da mineração em comunidades invisibilizadas.
Protagonizado por Bárbara Colen e Lavínia Castelari, o longa se passa em um vilarejo nos arredores de Brumadinho (MG) e narra, em três tempos distintos, a trajetória de uma família pobre marcada pela ausência de perspectivas, pela dor da perda e pela convivência constante com o risco. A história é conduzida sob o olhar da jovem Kaylane, que cresce em meio aos danos causados pela mineração e pelas ausências: a de um pai incapacitado pelo trabalho insalubre, a de um futuro para seus irmãos, a de um território devastado.

Mais do que uma ficção, “O Silêncio das Ostras” é um filme-denúncia. Em meio a um cenário de tons ocres e paisagens que mais parecem fantasmas, Kaylane reflete sobre o tempo, a morte, a natureza e os silêncios impostos à sua comunidade. A mãe, Cleude (Sinara Telles), vive os abalos de uma vida interrompida pelas mineradoras — a esperança soterrada entre os rejeitos e o medo de perder os filhos para o mesmo destino do pai.
A narrativa toca em um ponto ainda sensível da história recente de Minas Gerais. O filme intercala cenas da ficção com imagens reais dos rompimentos de barragens, incluindo as tragédias de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), que deixaram mais de 270 mortos e causaram um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. São fatos que, como destaca o diretor, ainda ecoam: “O Silêncio das Ostras retrata uma tragédia que virou ficção de uma dor que ainda é real.”
A produção reflete também sobre o êxodo emocional e territorial imposto a quem vive em áreas exploradas pela mineração. Com imagens que misturam a beleza da natureza com a destruição provocada pela ambição humana, o filme é um mergulho sensível, político e poético na vida de quem ficou — e luta para continuar.
Com estreia marcada para o dia 26 de junho, “O Silêncio das Ostras” é um convite à reflexão, à memória e ao enfrentamento de realidades que, muitas vezes, permanecem caladas — como ostras.