Por Daisy Silva
Com sessões gratuitas em cinco cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, a 7ª Mostra Cineclube Palmares já está em circulação desde o dia 8 de abril e segue até o dia 16, levando ao público um recorte potente do cinema negro brasileiro contemporâneo. Com paradas em Mateus Leme, Juatuba, Florestal, Pará de Minas e Betim, o evento valoriza o protagonismo da população preta periférica e destaca produções audiovisuais independentes, com ênfase especial nos trabalhos realizados em Minas Gerais.
A mostra apresenta ao todo 15 filmes — entre curtas, médias e longas-metragens — que abordam temas como ancestralidade, religiosidade afro-brasileira, juventude periférica, inclusão social, resistência cultural e a presença negra no audiovisual. A curadoria é assinada pelo produtor cultural Matheus Antônio e pelo ator Renato Novaes, que reforçam o compromisso da mostra com a representatividade negra, tanto nas narrativas quanto nas equipes de criação.
Entre os destaques estão os filmes mineiros “Coragem”, de Mel Jhorge; “Rapsódia para Um Homem Negro”, de Gabriel Martins; “Trajetória: Julgamento 20 Anos do Rap”, de Carlos Machado; e “Ramal”, de Higor Gomes. Também fazem parte da programação produções do Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Pará e Distrito Federal, compondo um panorama diverso e potente da cinematografia negra no Brasil.
Criado em 2014, o Cineclube Palmares nasceu em Mateus Leme como um projeto cultural voltado à valorização do cinema nacional e da memória afro-brasileira. A mostra acontece anualmente e, desde 2019, exibe exclusivamente produções brasileiras. “Grande parte dos filmes são independentes e produzidos por pessoas pretas, com foco na ancestralidade, no candomblé, na umbanda, no rap e nas questões que nos atravessam diariamente”, explica Matheus.
Além da exibição dos filmes, a programação inclui rodas de conversa e sessões comentadas, buscando estreitar o diálogo entre público, realizadores e educadores. Segundo Renato Novaes, a proposta é democratizar o acesso à cultura e estimular a reflexão crítica. “A maioria das cidades por onde passamos não possui salas de cinema gratuitas ou populares. Levar essas obras ao público é cumprir um dever cívico e social”, destaca.
Neste ano, o evento presta homenagem a duas figuras marcantes da cultura negra brasileira: a cantora Elza Soares, com a exibição do videoclipe “A Mulher do Fim do Mundo”, e a atriz mineira Maria José Novais Oliveira, a Dona Zezé, representada no filme “Nossa Mãe Era Atriz”, dirigido por seus filhos, André Novais e Renato Novaes.
Realizada com recursos do edital da Lei Paulo Gustavo, a Mostra Cineclube Palmares amplia seu alcance territorial em 2025 e reafirma o papel do cinema como ferramenta de transformação, identidade e resistência. As próximas sessões acontecem nos dias 10, 11, 15 e 16 de abril, com programação divulgada nas redes sociais do projeto (@cineclubepalmares).