Por Daisy Silva
O Natal é época de paz, mas em uma determinada cidadezinha do interior mineiro pode significar bastante confusão. O motivo? Duas vizinhas – separadas por um muro – inimigas mortais desde a juventude que vivem em pé de guerra. Será que a chegada de um novo padre e a organização do tradicional Auto de Natal vão mudar essa realidade? É o que os telespectadores vão saber no filme “Comadres”. O conflito entre Guiomar (70) e Terezinha (68) teve origem há 50 anos e conseguiu dividir até mesmo os moradores que se acostumaram com os apelidos das famosas rivais: Encrenca e Marmota.
No emaranhado de fofocas, implicâncias mútuas e peripécias que beiram o ridículo e despertam muitas risadas, as atrizes Magdale Alves e Rita Clemente – Guiomar e Terezinha, respectivamente – dão vida à história repleta de emoções, humor e surpresas. A comédia “Comadres”, grava da em Belo Horizonte, estreia hoje, véspera de Natal, na TV Globo, depois do “Rolê nas Gerais”.
“Como essa confusão vai terminar? É preciso assistir até o fim e torcer para que venha um milagre de Natal”, brinca Breno Nogueira, produtor-executivo de “Comadres”, uma realização da Globo Filmes em parceria com a produtora Dromedário e com a Globo em Minas.
De acordo com Marina Crespi, Gestora do Canal TV Globo em Minas, o clima de Natal motivou a Globo a pensar em um conteúdo regional – leve, inspirador e emocionante – para aproximar as famílias. “As pessoas vão se divertir muito com as confusões das personagens deste conto de Natal à moda mineira. Além do bom humor, a história também traz temas importantes como reconciliação, sororidade e protagonismo feminino. É um programa para ver em família, naquele período antes da ceia quando a casa já está em clima de festa”, avalia Marina.
Para Rita Clemente, que interpreta a comadre Terezinha, uma mensagem marcante no filme é o quanto o ódio entre duas pessoas podem arruinar projetos, famílias, comunidade, sociedade, entre outros. ” Mas há também mensagens que oferecerm reflexões sobre o poder e religiosidade, por exemplo. Tudo com muito humor, o que é melhor”, ressalta.
Rivalidade
“Com muito humor, o filme deixa a mensagem de que polarização é uma bobagem porque cada um tem o seu pensamento e o respeito deve ser mútuo”, diz Magdale Alves que interpreta a comadre Guiomar. A atriz atuou em mais de trinta espetáculos teatrais, longas-metragens e participou de obras televisivas como “Amazônia”, de Glória Perez, e “Em Família”, de Manoel Carlos.
Rita Clemente, que interpreta a comadre Terezinha, concorda com sua rival no filme: “Comadres passa uma mensagem muito clara sobre o quanto o ódio entre pessoas pode arruinar projetos, famílias e uma comunidade inteira. O filme oferece muitas outras reflexões, tudo com muito humor, o que é o melhor”, diz a atriz e diretora com vasta experiência em teatro e incursões em televisão e cinema. Na TV, Rita estreou como atriz no seriado “A Cura” e fez parte do elenco das novelas “A Vida da Gente”, “Amor à Vida” e “Liberdade, Liberdade”, todas da Globo: “Faz tempo que não tenho a oportunidade de participar de um projeto tão afetivo e, ao mesmo tempo, tão cuidadoso artisticamente. Essas qualidades nem sempre andam juntas, mas em “Comadres” já seriam suficientes para dar a essa produção um lugar especial na minha relação com o audiovisual.”
“Comadres” também aponta, de um jeito leve e preciso, para o machismo e a forma como ele está impregnado na estrutura social. “O filme aborda a armadilha do machismo estrutural sobre a competição feminina, tão estimulada na nossa sociedade. É também por uma personagem feminina que isso é denunciado: Natália, a neta de uma das protagonistas, apresenta a elas e ao público o conceito de sororidade”, afirma Pilar Fazito, roteirista.
Obra mineira com representatividade feminina
O projeto do filme é de 2019, mas só foi possível realizá-lo em 2022 devido à pandemia de Covid-19. “Comadres” contou com equipe técnica e elenco escolhidos a dedo para garantir um time nascido ou criado em Minas Gerais, ou com forte conexão com o Estado.
Os talentos femininos têm relevância em “Comadres”, que contou com roteirista, diretora geral, diretora de arte e protagonistas mulheres, além de profissionais na fotografia, montagem, maquiagem, figurino, condução de veículos e equipe administrativa. “Precisamos nos apropriar dos espaços e dos trabalhos que queremos. Temos que nos apoiar para chegar à igualdade que buscamos. Falta muito chão ainda, mas vamos nessa luta ininterrupta”, diz a diretora do filme, Renata Sette.