Em um país onde milhões de pessoas tiveram perda de dentes, o implante dentário ainda causa receios por medo da dor ou do preço. Entenda como o procedimento é mais tranquilo do que se parece
Por Angelina Fontes
No Brasil, cerca de 16 milhões de pessoas vivem sem nenhum dente e 39 milhões de habitantes, entre 25 e 44 anos, usam próteses dentárias. Estes são dados do IBGE e do Ibope, os quais concluíram que a perda de dentes é o segundo fator que mais prejudica a qualidade de vida de pessoas entre 45 e 70 anos. Entre os entrevistados, mais da metade informou que a perda dos dentes causou piora na aparência, interferiu na interação social ou prejudicou relacionamentos pessoais e profissionais. Isso sem contar com os danos causados na auto-estima e problemas de dicção.
É dito que o sorriso é nosso cartão de visitas e, por isso, a perda de um ou mais dentes traz consequências não apenas para a saúde ou para a beleza mas, também, para a segurança das pessoas. Isso é o que diz a cirurgiã dentista Georgina Tsutsumi, sócia de uma clínica odontológica que tem o implante dentário como um dos principais serviços procurados pelos pacientes.
Ela explica que o implante consiste em uma cirurgia simples, feita em consultório dentário e com anestesia local. “Para o implante, precisamos ter acesso à estrutura óssea mandibular ou maxilar. O processo consiste na instalação de um pino de titânio, que será o suporte da peça a ser implantada, e, posteriormente, instalação da prótese fixa”, conta. No entanto, cada caso é um caso e o tempo de cada cirurgia até totalmente finalizada vai depender da quantidade de dentes perdidos, de quanto tempo as perdas ocorreram e da estrutura óssea de cada pessoa. “Normalmente, instalamos o pino e, cerca de 90 dias depois, instalamos a prótese definitiva. Nesse período, o paciente fica com um provisório, para que aconteça a neo formação óssea e o pino fique integrado ao osso. Passados os 90 dias, iniciamos a moldagem e instalação da prótese”, detalha a cirurgiã.
Ainda temido pelos pacientes por medo de dor, rejeição ou de ficar artificial, Georgina garante que, hoje em dia, esses medos podem ser deixados de lado. “A dor não existe devido à anestesia. A rejeição também não ocorre, pois o titânio é um material biocompatível, que se integra totalmente ao tecido ósseo sem gerar reações adversas e o material utilizado para as próteses é a porcelana, que permite uma estética perfeita, muito próxima do natural”. Após a cirurgia, ela explica que os cuidados básicos com a saúde bucal devem continuar normalmente, além de incluir acompanhamento clínico e radiográfico para garantir que está tudo bem.
Quanto ao medo de pesar no bolso, outra boa notícia: hoje em dia os implantes não são mais tão caros como antigamente. O valor vai variar de acordo com a quantidade de dentes implantados e o tipo de material utilizado. A maioria dos dentistas também negocia o parcelamento do valor para facilitar para que os pacientes voltem a sorrir sem medo.
Como evitar a perda dos dentes
Independente de ser uma cirurgia simples, o ideal é que ela seja evitada e a dentista explica que isso é algo fácil de ser feito. “Os principais causadores da perda de dentes são a cárie e a doença periodontal e ambos podem e devem ser prevenidos. A cárie é multifatorial, causada por dieta rica em açúcar e pela má higiene bucal”, diz ela, lembrando que, como sempre, uma alimentação balanceada e rica em nutrientes é um preventivo contra este mal. Além disso, deve-se tomar os cuidados essenciais da escovação, no mínimo três vezes ao dia, e o fio dental, pelo menos, uma vez. Também é extremamente recomendável fazer a limpeza de dentes com um profissional a cada seis meses. “Ir ao dentista com frequência é ideal para diagnosticarmos uma cárie inicial e começarmos o tratamento, que impedirá sua evolução e uma possível perda dentária”.
A cirurgiã conta que, os mesmos motivos causadores da cárie, são os principais causadores da doença periodontal: a má higiene bucal e o acúmulo de tártaro, os quais favorecem a doença, que é um processo inflamatório que afeta desde a gengiva até os ossos que suportam os dentes e podem ocasionar as perdas. “Aqui há ainda o fator hereditário que contribui para o desenvolvimento da periodontite. No entanto, trata-se de uma doença que não tem cura e que exigirá manutenção frequente para evitar que não evolua para a perda do dente e a consequente necessidade do implante ou prótese”, comenta.
Além destes dois motivos principais, outra grande procura pelo implante dentário são os traumas devido a acidentes e fraturas. “Independente da causa, quando uma pessoa perde um dente e não faz o tratamento para corrigir, fica mais fácil perder outros, pois, a ausência de um elemento pode gerar má oclusão e sobrecarregar demais dentes que ficarão mal posicionados. Isso pode, inclusive, dificultar a higienização”, finaliza a profissional, lembrando que, a escova, o fio e a pasta dental são sempre os melhores amigos de um sorriso saudável.