Por Daisy Silva
Hoje, 21 de março, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down, uma data voltada à conscientização e à superação de estigmas. No Brasil, cerca de 300 mil pessoas têm a condição, segundo o IBGE, mas o acesso ao Ensino Superior ainda é um desafio. De acordo com o último levantamento do Movimento Down, apenas 94 pessoas com o diagnóstico estão cursando ou já concluíram uma graduação no país.
Thalita Silveira, de 36 anos, é uma dessas histórias de superação. Formada em Processos Gerenciais pela UniCesumar de Pelotas (RS), ela recebeu apoio e incentivo da família na decisão de iniciar a graduação. “Minha experiência na faculdade foi muito boa, consegui realizar o meu sonho de ter um diploma. Fui muito acolhida pela universidade, que sempre me ajudou quando eu solicitava ajuda ou alguma adaptação necessária”, conta. No momento da formatura, Thalita descreve que se sentiu “única, linda, maravilhosa e vencedora”.
Após a formação, a vida dela mudou. “Me sinto mais segura no meu trabalho, tenho o reconhecimento dos colegas e da minha chefe. Isso é libertador: não é somente sobre conhecimento acadêmico, mas inclusão social e amizades para a vida”, afirma. Assim como Thalita, outras pessoas com Síndrome de Down têm conquistado espaço no Ensino Superior.
Fernanda Rafaela de Mattos, de 45 anos, também trilhou esse caminho e encontrou na educação uma oportunidade de crescimento. Formou-se em Licenciatura em História na UniCesumar de Volta Redonda (RJ), inspirada por uma professora do Ensino Médio que despertou nela a paixão pela disciplina.
“Durante a faculdade, vivi um processo de amadurecimento e aprendizagem que me permitiu evoluir nos estudos, equilibrar teoria e prática e desenvolver habilidades essenciais, como comunicação e organização. A faculdade ampliou meus conhecimentos acadêmicos e me proporcionou uma visão mais ampla sobre o mundo”, conta Fernanda.
O apoio da família foi fundamental durante a graduação. “Minha família foi a ponte que me permitiu realizar esse sonho acadêmico. Me ensinaram a ter os olhos voltados para o futuro, a perseverar nos momentos difíceis, a reconhecer meus esforços e comemorar as vitórias alcançadas”, destaca. Para outras pessoas com Síndrome de Down que desejam ingressar no Ensino Superior, Fernanda deixa um conselho: “O diagnóstico não é um impedimento para a graduação. O essencial é acreditar em si mesmo e nunca desistir dos seus sonhos. Para mim foi desafiador, mas, o que parecia impossível, se realizou. O ideal é buscar apoio quando necessário, lutar pelo que se almeja e celebrar cada pequena vitória. Cada pessoa tem o seu próprio ritmo”.
A UniCesumar, onde Thalita e Fernanda se formaram, conta com a Unidade de Inclusão e Recursos Acessíveis (Unir), que oferece suporte especializado a alunos com deficiência. De acordo com Robson Pereira, supervisor da Área Unir, o setor foi criado em 2012, e a equipe inclui intérpretes, tutores e especialistas em Educação Especial que acompanham os alunos e adaptam materiais didáticos para garantir uma experiência educacional acessível.
Inclusão desde a Educação Básica
A inclusão de pessoas com Síndrome de Down no ambiente acadêmico começa ainda na educação básica. Em Belo Horizonte, a Escola Ser Especial também reforça a importância da inclusão e do respeito à diversidade. Para celebrar o Dia Internacional da Síndrome de Down, a instituição promove hoje um evento exclusivo para alunos e familiares, com atividades de integração e a campanha “Meias Coloridas”, na qual todos são convidados a usar meias de diferentes cores e estampas para simbolizar a diversidade. “Acreditamos que a inclusão começa com o respeito e o entendimento das diferenças. Este evento é uma oportunidade para celebrarmos as conquistas das pessoas com Síndrome de Down e reforçarmos a importância de oferecer oportunidades e respeito a todos”, afirma Viviane Câmara, proprietária da escola.