Objetivos, práticos e acessíveis, os cursos online explodiram durante o lockdown e demonstram que são a melhor opção para quem quer adquirir conhecimento de forma rápida
Por Angelina Fontes
Desde que a pandemia tomou conta do mundo e obrigou toda a população a ficar em casa, tem-se notado uma explosão na busca por cursos online, seja com o objetivo de capacitação profissional, desenvolvimento de novas habilidades ou utilização do tempo de maneira produtiva.
Segundo dados do portal Cuponomia, o setor registrou um aumento de 224% nas vendas de cursos online nas mais diversas áreas de conhecimento, sendo os de desenvolvimento profissional os mais procurados, seguidos de cursos preparatórios para concursos públicos e vestibulares ou ENEM.
Seguindo a tendência, a Fundação Getúlio Vargas registrou, no pico da pandemia, um aumento de 400% na procura pelos cursos online. Para se ter uma ideia do quão variado é o cardápio, a FDC oferece 55 cursos online gratuitos com emissão de declaração de participação, além das dezenas de cursos online pagos. Opções para todos os gostos e bolsos.
Já a Fundação Dom Cabral lançou um ambiente virtual repleto de conteúdo sobre gestão empresarial e pública totalmente aberto e gratuito. O conteúdo conta com podcasts, webinars e publicações que tratam sobre estes temas com o objetivo de prover materiais de qualidade em um momento tão desafiador.
No Estados Unidos, obviamente, não é diferente. Plataformas de ensino como edX, Coursera e FutureLearn reúnem universidades afiliadas que oferecem cursos gratuitos. Desta forma, os alunos sabem que estão sendo ensinados por professores qualificados. Os cursos têm duração variada, de horas a meses de ensino, e vários deles incluem certificados gratuitos ou por uma pequena taxa a ser paga. Harvard, Stanford, MIT e Yale estão entre as renomadas universidades americanas que oferecem mais de 1.500 cursos online gratuitos.
Isso sem contar com diversas outras plataformas nacionais e internacionais como a Udemy, Senai, Google Academy, Hotmart e outras que oferecem uma grande variedade de aulas profissionalizantes. Basta escolher e se dedicar.
Momento de adaptação
Apesar de já existir há anos, o Ensino à Distância sofreu certos tipos de resistência no começo, mas foi ganhando espaço com o passar do tempo devido à necessidade de adaptação ao dinamismo do mercado. Por isso, com a chegada da pandemia, diversas instituições já estavam preparadas enquanto várias outras se viram na obrigação de se adequarem.
A gestora de RH Lívia Reis acredita que esta é uma tendência que veio para ficar e que todas as instituições devem adaptar a qualidade do presencial para o online. “Hoje em dia, o mercado é bem mais rápido do que uma pós-graduação em que o aluno vai levar dois anos para adquirir e aplicar o conhecimento”, diz. Além disso, ela destaca que, nas aulas online, o tempo é mais bem aproveitado. “Em sala de aula, muitas vezes, gastamos tempo nos apresentando, fazendo um intervalo, conversando. E lá se vão 8h de aula das quais usufruímos 5h. O mercado não tem tempo para isso. Hoje deve-se focar no conteúdo que ensina a teoria de forma rápida para, imediatamente, aplicar na prática”, explica ela, reforçando que as instituições de ensino que não se adaptarem à esta nova realidade, vão perder alunos mesmo após o fim da pandemia.
Apesar de todas as incertezas do momento, esta tem sido uma excelente oportunidade para quem quer se adaptar ao universo online mas não tinha tempo ou conhecimento suficiente. “Acredito que grande parte das pessoas que têm resistência à EAD é porque não sabem usar as ferramentas. Mas, quando se veem sem opção, vão atrás de ajuda e se adaptam”, destaca ela, apontado que a pandemia acelerou muito este processo de interação por meio da tecnologia, não somente na educação mas em diversas outras áreas como a medicina, por exemplo, que vem fazendo consultas por vídeo-chamada. “Ainda que as pessoas tenham uma necessidade de encontrar pessoalmente e fazer networking, acho que é uma tendência que vai só crescer em todas as áreas”, declara.
Como escolher um curso on-line
Os cursos online são objetivos, práticos e oferecem a comodidade de serem feitos de qualquer lugar e a qualquer momento. No entanto, não adianta se inscrever em todos eles, se sobrecarregar e não finalizar nenhum. “Sou contra o overlearning. Quando a pessoa se registra para muitos cursos ao mesmo tempo, ela pode não dar conta de terminá-los, acabar se frustrando e achando que não consegue fazer nada, o que pode gerar um quadro de depressão. Por isso, o mais indicado é fazer um por vez”, acredita.
Na hora de selecionar o curso a ser feito, ela recomenda que os interessados, além de focarem somente no nome da instituição ou dos professores que ministram as aulas, se informem bem sobre os objetivos do curso, a grade curricular e a qualidade do ensino. “Conheço pessoas que estão praticamente montando uma pós-graduação com variados cursos on-line que vão, realmente, agregar na profissão delas”, declara. Lívia acrescenta que, se houver dúvida na hora de selecionar os cursos pagos, várias instituições permitem que o estudante faça uma parte gratuita das aulas para ver se lhe interessa. Se sim, pode-se comprar o conteúdo completo e obter certificado no final.
É o que vem fazendo a técnica de vendas de produtos hospitalares Vivian Fuscaldi Ferreira. Ela conta que sempre teve uma agenda cheia, conciliando home office, atendimentos externos e viagens. Mas, durante a pandemia e com a grande oferta de cursos gratuitos, tem aproveitado o tempo que sobra para investir em sua carreira. “Entre os temas que escolhi estão inteligência financeira, inteligência emocional, programação neurolinguística, além de cursos de Linkedin, comunicação eficiente e marketing e vendas. Alguns estão relacionados à minha área de atuação e outros não tão diretamente. Mas acredito que todos eles contribuem para o desenvolvimento pessoal e, consequentemente, profissional”, diz ela, que tem escolhido cursos de curta duração, entre 20 e 30 horas, com o objetivo de ampliar a visão e abrir a mente para novos assuntos.
Quem recruta quer conhecimento
Quanto à inclusão dos cursos online no currículo, Lívia Reis dá a dica: “os cursos oferecidos por instituições renomadas, com carga horária maior ou que emitem certificado podem e devem ser incluídos no currículo. Já os mais curtos devem ser inseridos na parte do currículo voltada para áreas de conhecimento”, explica ela, lembrando que “o conhecimento é o que mais importa para o recrutador”.
Para encerrar, ela reforça sobre a necessidade de organização. “A oferta de cursos gratuitos hoje em dia está enorme, mas as pessoas precisam organizar o tempo, incluir em uma agenda ou tabela todos os afazeres do dia e dedicar a quantidade certa de horas aos estudos. Afinal, a vida continua e temos outros afazeres”, encerra.