Por Daisy Silva
Neste sábado, Buenos Aires foi palco da 33ª edição da Parada do Orgulho LGBTQIAPN+, a primeira sob o governo de Javier Milei. Realizada entre a emblemática Plaza de Mayo e o Congresso Nacional, a marcha reuniu milhares de pessoas e foi replicada em diversas províncias da Argentina, com um forte recado: “Não há liberdade sem direitos nem políticas públicas”.
Marcada pela ausência de financiamento do governo federal — fato inédito na história recente da marcha —, a edição deste ano contou com o apoio da cidade e da província de Buenos Aires. A programação começou cedo, às 10h, na Plaza de Mayo, onde uma feira de empreendedores, shows e muita música deram o tom inicial à celebração. Às 16h, manifestantes se reuniram para a tradicional caminhada até o Congresso, exigindo a aprovação da Lei Integral Trans e da Lei Antidiscriminação.
Desde sua primeira edição em 1992, quando um pequeno grupo de cerca de 80 pessoas reuniu-se de rosto coberto por medo de represálias, a Parada do Orgulho cresceu em números e visibilidade, tornando-se um dos eventos mais expressivos pela liberdade, diversidade e respeito às individualidades. Neste ano, com um cenário político desafiador e sob novas ameaças de retrocesso nos direitos da comunidade LGBTQI+, o evento foi especialmente simbólico.
Para Lucas Gabriel, um dos participantes, a marcha é mais do que uma celebração: é um ato de resistência. “O evento é de extrema importância para exigir políticas públicas que assegurem os direitos das diversidades sexuais e também para mostrar que todos podem ser livres como quiserem”, afirmou.
María Rachid, integrante da Comissão Organizadora da Marcha do Orgulho (COMO) e da Federação Argentina LGBT (FALGBT), destacou a importância do evento em meio ao contexto atual. “Este ano, mais do que nunca, temos que ocupar as ruas para impedir qualquer retrocesso. Vamos celebrar a diversidade, expressando com firmeza que não permitiremos mais um corte em nossos direitos. Vamos exigir as políticas públicas que nos tiraram”, disse.
Os slogans centrais da mobilização refletem a intensidade das reivindicações: “Não há liberdade sem direitos e políticas públicas”, “Não há liberdade com ajuste e repressão” e “Lei Integral Trans e Lei Antidiscriminação já!” A edição deste ano reforça o compromisso da comunidade em lutar por um futuro inclusivo, em que direitos e políticas públicas assegurem o respeito e a liberdade para todos.